O ensino de Sociologia na Educação Básica brasileira é um tema complexo que vem suscitando várias questões para o debate acadêmico ao longo do tempo. A questão mais recente está ligada à Reforma do Ensino Médio, aprovada em 2017 e à publicação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em 2018, fenômenos interdependentes que modificaram o currículo nacional. Nesse contexto, a presença da Sociologia enquanto disciplina escolar se vê novamente ameaçada, diante de “inovações curriculares” fragmentadas e com claro viés neoliberal, que têm como objetivo oculto o distanciamento entre estudantes e uma formação crítica, de caráter emancipatório. Esse comportamento não deve ser dissociado da influência cada vez mais acentuada de neoliberais e neoconservadores, segundo Apple (2001), nas políticas educacionais em parâmetro global, cenário no qual se insere a sanha reformista enfrentada pelo Brasil no final da década de 2010, baseada nos interesses do mercado e das grandes corporações. Com isso, perde-se força os conhecimentos historicamente construídos e disciplinas como a Sociologia, entendida como parte nuclear de uma formação humanística. No entanto, não há como compreender de forma consistente a atualidade da Sociologia escolar brasileira sem remontar sua história no currículo básico do país. Analisar esse percurso é fundamental para entender os contextos sociais e, sobretudo, políticos, que determinaram a trajetória de intermitência da disciplina nas diretrizes nacionais, gerando consequências na contemporaneidade. Nesse sentido, o objetivo central deste trabalho é debater, à luz da teoria especializada, fatos importantes da história da Sociologia enquanto disciplina escolar no Brasil, apresentando, de forma sintética e embasada, seu espaço nas diversas reformas educacionais implementadas a partir do final do século XIX até o ano 2017, quando o governo Michel Temer, através do Ministério da Educação (MEC), comandado por Mendonça Filho, lança mão da Lei nº. 13.415/2017, responsável por reestruturar o Ensino Médio nacional. Para cumprir com esta finalidade, o estudo se baseia na abordagem qualitativa, utilizando como recurso metodológico a pesquisa bibliográfica, através da visitação à teoria especializada e observação de documentos pertinentes ao tema. No plano teórico, contribuem para análise das informações, autores como Chervel (1990), Goodson (2007), Feijó (2012), Bodart e Tavares (2020), entre outros nomes.