A alfabetização de crianças é uma temática bastante discutida no meio acadêmico, porém, as vozes dos sujeitos participantes desse processo de aprendizagem nem sempre são consideradas para se pensar o próprio processo. Nesse sentido, o artigo analisa de que forma as vozes de crianças não alfabetizadas aparecem na produção acadêmica nacional. É feita uma discussão inicial sobre as concepções de infâncias, crianças e a relevância de serem ouvidas nos estudos que as envolvem, especialmente em relação aos seus processos de alfabetização. Para a análise da produção acadêmica, foi realizado um levantamento bibliográfico, na qual buscou investigações que focalizam o processo de alfabetização para crianças, entre 2006 e 2020, tomando como fonte a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), os anais digitais da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), anais do Congresso Brasileiro de Alfabetização (CONBALF) e do Congresso de Leitura – COLE, no qual foram encontrados 14 trabalhos. O levantamento demonstrou que as pesquisas com crianças em processo de alfabetização em sua maioria acontecem nos anos iniciais (1° e 2° ano) e aponta uma ausência de estudos com crianças não alfabetizadas, de 4° e 5° ano. Das pesquisas analisadas, poucas se dispuseram a ouvir as crianças para conhecer o que elas pensam e como elas significam o processo de aprendizagem, mas sim, no trabalho da leitura e da escrita voltadas para questões ortográficas e escolarizadas.