O ensino de Língua Portuguesa no Brasil vem passando por ressignificações tendo em vista o interesse em pensar língua(gem) a partir de uma concepção dialógica (BAHTIN; VOLOCHINOV, 2009). Ancorada nessa perspectiva, a abordagem sociocultural dos estudos de letramentos (KLEIMAN, 1995) sugere que as práticas de linguagens são inerentes a nossa vida, o que dialoga com as normativas da BNCC (BRASIL, 2018) quando aponta que o ensino de Língua Portuguesa deve considerar as interações e as situações comunicativas reais. Partindo desses pressupostos, objetivamos: analisar práticas de leitura, escrita e oralidade vivenciadas em um projeto de letramento. Assumimos, para tanto, a base teórica dos estudos de letramento (KLEIMAN, 199; 2005); o modelo didático que emerge dos projetos de letramento (KLEIMAN, 2000; TINOCO, 2008); bem como o entendimento de que ações de leitura, escrita e oralidade se articulam em um contínuo (AQUINO, 2009). Essa pesquisa-ação de vertente etnográfica (MOREIRA; CALEFFE, 2006) insere-se na Linguística Aplicada (KLEIMAN; DE GRANDE, 2015) e corresponde a um recorte da tese de doutoramento de Aquino (2019). Analisando o contínuo leitura-escrita-oralidade, a partir de gêneros compreendidos como ações sociais (BAZERMAN, 2011), que se articularam em um projeto de letramento desenvolvido em uma escola de ensino fundamental do Rio Grande do Norte, mais especificamente, em uma mesa redonda compreendida como evento de letramento em meio a tal contexto, apontamos que tais práticas sociais são situadas e levam os alunos a empreenderem ações de linguagens com vistas à resolução de problemas sociais situados.