A violência de gênero é uma violação aos direitos humanos e desde muito tempo tem feito parte do cotidiano de milhares de mulheres espalhadas pelo mundo. Quanto à definição concordamos com aquela dada pela Convenção para Erradicação de Todas as Formas de Violência Contra a Mulher, conhecida como Convenção de Belém do Pará, que diz que violência contra a mulher é qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, psíquico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada. Sabemos que as mulheres sempre sofreram vários tipos de violência em nosso país, já foram discriminadas pela ciência e pela lei, foram e ainda são vítimas de preconceitos masculinos, muitas tiveram que se submeter por muitas gerações aos seus pais ou maridos num sistema que, por vezes, submetia a mulher aos maiores vexames em caso de estupro, por exemplo, mas silenciava nos casos de violência doméstica; um sistema que, em várias situações, condenava a mulher e absolvia o homem em caso de adultério; que comumente exigia da mulher a virgindade e valorizava a promiscuidade no homem; que geralmente excluía a desquitada da sociedade e exigia da casada toda dedicação, compreensão, amor e perdão. Nessa pesquisa estudamos estas questões a partir da metodologia de análise de discurso, nesse caso, analisamos os discursos jurídicos dos operadores do Direito de Campina Grande, os quais estão presentes na documentação de ações das varas de família e criminal como, por exemplo, nas petições e fundamentações de sentenças nos processos de divórcio e nos que envolvem violência no lar entre casais. Portanto, nesta pesquisa, anelamos problematizar os discursos de gênero relacionados às práticas de normatização para o feminino e o masculino através desses documentos jurídicos e também através das edições do Jornal da Paraíba da década de 70 na cidade de Campina Grande. No caso desta segunda fonte pretendemos problematizar o discurso sobre violência de gênero investigando se o discurso do jornal em questão era caracterizado pela valorização ou pela crítica ao machismo e à inferiorização do feminino. Nosso objetivo com relação aos resultados dessa pesquisa é o de proporcionar a academia um estudo pormenorizado dos discursos sobre violência de gênero presentes nas fontes e no recorte temporal e espacial citados, como também proporcionar à escola uma fonte bem elaborada para o ensino histórico sobre a temática, que leve alunos e professores a entenderem esse tipo de violência como um problema eminentemente social, que aflige a sociedade e, em especial, nossa cidade há muito tempo e que pode e deve ser discutido na sala de aula, para que o ambiente escolar se torne um instrumento de conscientização das pessoas e de enfrentamento dessa violência.