EM 1980 O JORNALISTA E EX-GUERRILHEIRO FERNANDO GABEIRA CHEGAVA AO RIO DE JANEIRO APÓS DEZ ANOS DE EXÍLIO. PORÉM APÓS ANOS DESEJANDO ESSE RETORNO, SEU REENCONTRO COM O BRASIL FOI MARCADO POR UM ESTRANHAMENTO MÚTUO. NA REDEMOCRATIZAÇÃO A OPINIÃO PÚBLICA ACOMPANHAVA OS EXILADOS EM SEU COTIDIANO, OBSERVANDO SUAS POSTURAS ENQUANTO SÍMBOLOS DA LUTA CONTRA A DITADURA MILITAR. POR OUTRO LADO, GABEIRA VOLTARA OUTRO E, PARA ALÉM DAS EXPERIÊNCIAS POLÍTICAS, SEU EXÍLIO O LEVARA A REELABORAR SUAS IDENTIDADES DE GÊNERO E SEXUAL, VIVENDO-OS DE MANEIRA DIFERENTE DE ANTES. ESSA CONFIGURAÇÃO FEZ EMERGIR CHOQUES ENTRE A PERFORMANCE DE GÊNERO ASSUMIDA POR GABEIRA E AS EXPECTATIVAS SOCIAIS SOBRE SUA FIGURA “HISTÓRICA” E PÚBLICA. ESTES EMBATES FORAM DISCUTIDOS PELO PRÓPRIO GABEIRA EM SEU LIVRO AUTOBIOGRÁFICO O CREPÚSCULO DO MACHO PUBLICADO EM 1981. ESTE TRABALHO PRETENDE ANALISAR ESSA NARRATIVA E ENTENDER COMO O TEXTO PRODUZ UMA ESCRITA DE SI COM FINALIDADE DE INTERVENÇÃO POLÍTICA. A REFLEXÃO É REALIZADA A PARTIR DO DEBATE SOBRE A PRODUÇÃO DO SUJEITO A PARTIR DE MICHEL FOUCAULT E DO RECONHECIMENTO SOCIAL EM JUDITH BUTLER. DISCUTIREMOS COMO ESTE CONFLITO PODE SER ÚTIL PARA ENTENDER OS CONFRONTOS ENTRE AS EXPECTATIVAS SOCIAIS E TRADICIONAIS ACERCA DAS MASCULINIDADES E SEU CHOQUE COM A INSTABILIDADE DOS GÊNEROS A PARTIR DA EMERGÊNCIA DOS DEBATES IDENTITÁRIOS NA DÉCADA DE 1980.