Os documentos oficiais que regulamentam a educação brasileira, dentre eles, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), do Ensino Fundamental, ao falarem da área de Ciências Naturais, deixa claro que numa sociedade em que se convive com a supervalorização do conhecimento científico e com a crescente intervenção da tecnologia no dia-a-dia, não é possível pensar na formação de um cidadão crítico à margem do saber científico (BRASIL, 1997). Isso demonstra que o desenvolvimento científico e tecnológico torna-se fundamental como compromisso social, ou seja, que os sujeitos sejam capazes de utilizar seus conhecimentos em prol das demandas da sociedade, intervindo e buscando soluções para possíveis problemas. Nesta perspectiva percebe-se que para haver esse compromisso, os sujeitos devem, desde seus primeiros contatos com a instituição escolar, perceber como a Ciência tem influência para a sociedade, sobretudo, a sociedade em mudança, e de que forma essa influência poderá contribuir com o desenvolvimento da mesma. Sendo assim, cabem à escola e ao professor estabelecer o contato com essa área, propondo a construção de uma estrutura geral da área que favoreça a aprendizagem significativa do conhecimento historicamente acumulado e a formação de uma concepção de Ciência, suas relações com a Tecnologia e com a Sociedade (BRASIL, 1997). Portanto fica evidente que o trabalho na área de Ciências Naturais tem uma estreita relação com a sociedade e as tecnologias, promovendo a formação de um sujeito capaz de estabelecer aplicações desses conhecimentos em seu cotidiano. Sabendo-se da importância que tal área possui (FUMAGALLI, 1998), nossa preocupação se centra na forma como é entendida essa proposta pelos professores dos anos inicias do Ensino Fundamental, já que a área do ensino Ciências, ao longo da sua história aqui no Brasil, não possuiu significativa importância para a aprendizagem dos alunos, tão logo dentro da formação dos professores (WEISSMANN, 1998), deixando marcas até os dias atuais, estas mostram que o Brasil está perdendo terreno na ciência e educação e, como resultado, no desenvolvimento econômico e social (UNESCO, 2005). Sendo assim, o objetivo deste trabalho é compreender qual a concepção do conceito de letramento científico possui os professores dos anos iniciais de Ensino Fundamental, especificamente nas turmas de 3º a 5º anos, de uma escola da rede pública estadual de Alagoas, e que implicações esta concepção traz para o processo de ensino-aprendizagem. Para tanto serão utilizados métodos como o estudo de caso (YIN, 2010) e como técnicas de coleta dos dados, a observação participante, entrevistas e analise documental, pois desta forma, entende-se que estes instrumentos, além de apresentarem características suscetíveis na interpretação dos dados a serem coletados, podem se complementar, permitindo, assim, conhecer melhor, o objeto estudado. Compreender o que pensam os professores, dos anos iniciais do Ensino Fundamental, acerca do conceito de letramento científico, é algo necessário para que possa ser refletido sobre qual perspectiva este conceito é trabalhado em sala e quais implicações são geradas no processo de ensino-aprendizagem, bem como a importância dada à área de Ciências, tendo em vista que a mesma tem fundamental importância na formação de sujeitos competentes.