O estudo em questão é parte da dissertação de mestrado intitulada “Entre o quilombo e a cidade: trajetórias de individuação de jovens mulheres negras” que refletiu sobre a trajetória de jovens mulheres negras quilombolas considerando seus percursos de escolarização e trabalho. A premissa de que a heterogeneidade das condições de vida e trabalho das jovens que moram no campo configura formas de viver diferenciadas, constituindo experiências e identidades coletivas distintas, orientou as análises. Na trajetória de vida das jovens pesquisadas as identidades negra e quilombola se articulam com o gênero e a geração e se constroem e reconstroem em diálogo e na relação com o outro. Dentro da comunidade de origem, os conflitos que vivem afirmam os pertencimentos de gênero e geração, e as situações de discriminação que enfrentam nos seus percursos de idas e vindas do quilombo para trabalhar e estudar na cidade também dão corpo a este processo de afirmação de suas identidades, pois no enfrentamento do preconceito e nos conflitos se afirmam símbolos e representações positivas e/ou negativas sobre sua história e sobre si mesmo, um processo vivenciado de maneira única por cada indivíduo. Nesse texto, são apresentadas algumas considerações sobre a constituição das identidades de jovem, mulher, negra e quilombola entendendo-as como um sistema de relações e representações que se constitui pela forma que nos reconhecemos e pela forma com que somos reconhecidos pelos outros, num jogo de forças que modifica a todo tempo suas fronteiras. Nesse sentido, utiliza-se o termo identidades articuladas como forma de não fixar a diversidade dos indivíduos. Alguns exemplos são analisados para dar corpo a esse processo de constituição de identidades dentro e fora da comunidade de origem, particularmente os conflitos com a autoridade paterna e as trajetórias de trabalho.