No ano de 2012, passou-se a ser veiculado nas televisões uma propaganda do governo brasileiro, por meio do Ministério da Educação e Cultura, intitulada “Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa”, que define a idade de 8 (oito) anos o limite para que uma pessoa seja alfabetizada. Não é novidade que muitas crianças e jovens finalizam o ciclo destinado ao pleno domínio da leitura e da escrita sem, no entanto, poder/saber fazê-lo. Isso é preocupante já que, além de seu futuro de plena interação com a cultura escrita, o “futuro do país” também fica “comprometido”, como diz a propaganda oficial.O esforço efetivado no tempo presente certamente será decisivo para que não tenhamos, daqui a alguns anos ou décadas, um vultuoso número de pessoas em situação de analfabetismo no Brasil. No entanto, essa significativa parcela da sociedade brasileira, 13,9 milhões segundo o Censo 2010, permanece fora do foco das políticas educacionais, apesar das temáticas relacionadas à Educação de Jovens e Adultos – EJA, ganharem espaços significativos nas atuais discussões acadêmicas, principalmente no que se refere à alfabetização e ao letramento. Ler e escrever são as bases da educação escolar, e também de um padrão intelectual que corrobora para a conformação do sujeito cartesiano na escola. Estamos falando de epistemologias que levam à negação do sujeito real, o mesmo sujeito do fracasso escolar, que também se reflete no discurso das propagandas governamentais, situando a EJA em um não-lugar.Neste trabalho, trazemos reflexões sobre esse sujeito real da EJA e sobre a necessidade de (re)posicioná-lo em outro lugar que não o do sujeito do fracasso escolar, numa perspectiva inclusiva. Essa discussão é feita com base nas contribuições teóricas de Senna (2007, 2008), a partir de um estudo de caso, um relato de uma aula onde a propaganda do governo é questionada por um estudante adulto do Programa Brasil Alfabetizado do município de João Pessoa-PB.