Ramón María del Valle-Inclán (1866-1936) escreveu mais de cem obras literárias cujo ápice são os esperpentos. São obras dramáticas que inauguram um novo gênero literário segundo Rodolfo Cardona e Anthony Zahareas em Visión del esperpento – Teoría y práctica en los esperpentos de Valle-Inclán (1987). Os esperpentos são quatro: Luces de bohemia (1920), Los cuernos de don Friolera (1921), Las galas del difunto (1926) e La hija del capitán (1927). Defendemos que um tema esperpêntico valle-inclaniano que demanda maior atenção por parte dos pesquisadores de Literatura Espanhola se refere às críticas religiosas e políticas presentes nesses dramas, porque a Igreja Católica Espanhola era a instituição pública mais importante na Espanha da década de 20 do século XX e os políticos espanhóis conservadores estavam ao serviço dessa instituição. O objetivo de nossa comunicação é apresentar e discutir essas críticas esperpênticas valle-inclanianas tendo como arcabouço teórico a crítica literária dialética marxista, cuja obra seminal é O inconsciente político – a narrativa como ato socialmente simbólico (1992) de Fredric Jameson. Postulamos que as críticas religiosas e políticas esperpênticas valle-inclanianas contrastam com os principais dogmas da Igreja Católica Espanhola da época em questão e mostraremos essa dualidade comparando essas críticas com reportagens, editoriais e publicidades presentes nos dois principais periódicos católicos espanhóis daqueles anos, que são El debate (1910-1936) e El siglo futuro (1875-1936).