Considerada uma das principais vozes dentro da Literatura Chicana, Ana Castillo costuma explorar em suas obras aspectos relacionados às mulheres com descendência mexicana, principalmente através das questões de gênero, raça e classe. Nessa perspectiva, a autora defende a Xicanisma, isto é, o Feminismo Chicano, como ferramenta para lidar com as opressões cruzadas que as mulheres mexicanas-americanas enfrentam. Assim, em sua obra So far from God (1993), Ana Castillo trabalha diversas situações nas quais a Xicanisma pode ser vista, como, por exemplo, na ressignificação do mito de La Llorona. Desse modo, o nosso objetivo é analisar o entendimento e a reinterpretação feita pela personagem Sofia acerca do mito de La Llorona. Para isso, serão utilizadas referências que abordam das origens desse mito aos seus principais desdobramentos, em paralelo com teorias do Feminismo Chicano que sustentam a ressignificação apresentada na obra. Desse modo, constatamos que a escritora utiliza da Xicanisma para seguir difundindo as tradições mexicana e ameríndia herdada, mas voltando o olhar não apenas para as gerações passadas, mas também para a próxima geração de mulheres chicanas, as futuras herdeiras dessa tradição, sendo, para isso, crucial a desconstrução de certos estereótipos que negativizam a imagem feminina propagadas por mitos como o de La Llorona.