Ensinar espanhol nas escolas brasileiras é tarefa árdua para professores, devido a distintos fatores políticos e estruturais. Torna-se mais complexa, e é uma virtude, ao não se restringir apenas ao “capital linguístico stricto sensu”, nos termos de Garcez (2008). Passa-se a propor reflexões sobre diversos saberes que compõem a formação cidadã dos aprendizes, para torná-los capazes de atuar nas complexas relações contemporâneas. Tais reflexões, devem ocorrer em atividades que promovam o encontro do eu com o outro, preparando os aprendizes para atuar em confrontos de toda sorte (MENEZES DE SOUZA, 2011), com o fim de construir um capital simbólico crítico, ou seja, trata-se de promover a educação linguística. Para tanto, devemos estar conscientes da urgência do desenvolvimento do Letramento Crítico nas escolas, que pode ser proporcionado, essencialmente, por meio da mescla de três campos do saber: a Pedagogia Crítica (FREIRE, 1988; 1994; GIROUX, 1991), a Análise Crítica do Discurso (MAGALHÃES, 2002; Van DIJK, 2003; 2009; FAIRCLOUGH, 2001; 2010) e as Inferências (LEÓN, 2003; ESCUDERO, 2010; ABREU-SILVA, 2018). Assim, apresento uma proposta de percurso didático, elaborada sob as premissas desses campos, que visa a discutir sobre formas de dotar de poder simbólico, através da leitura em espanhol, aqueles que historicamente são silenciados. Para tanto, a proposta apresentada se insere no continuum sociedade-discurso-cognição e busca promover discussões com outros professores sobre propostas de leitura que levem os aprendizes a perceber nos textos as relações de poder que compõem o mundo, visando a mudanças sociais, transgredindo as ordens naturalizadas e criando relações mais igualitárias, por meio do ensino.