ALVES, Wanderlan. Os fantasmas da pós-autonomia. Anais do XI CONGRESSO BRASILEIRO DE HISPANISTAS... Campina Grande: Realize Editora, 2020. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/72640>. Acesso em: 07/11/2024 07:19
Num dos encontros de seu “Seminário 1985”, Josefina Ludmer problematiza as condições de produção de conhecimento em literatura a partir do interior do campo – e não se pode desconsiderar o contexto imediatamente pós-ditadura de sua fala –, tal como reivindicado por seu convidado Walter Mignolo no encontro anterior. Ludmer não abre mão do posicionamento político articulado à leitura dos objetos (GERBAUDO, 2013), demonstrando uma série de compromissos no âmbito teórico-crítico para o que ali se projeta como um futuro. Aquele seminário emerge como ponto fundamental de uma trajetória crítica que começava a desenhar-se e que nos anos 2000 culminaria em sua discussão sobre a pós-autonomia (LUDMER 2007; 2010). Nele já figuravam traços da crítica que praticará depois, especialmente em relação à inseparabilidade da arte e da política e à abertura do olhar para além dos limites das esferas disciplinares. Nesse sentido, a pós-autonomia não corresponderia ao polo dicotômico da autonomia – o oposto da autonomia é a heteronomia, ensinara Adorno (1982) –, constituindo-se, por sua vez, a partir de um vínculo (cuja lógica e estatuto ainda precisariam ser determinados) entre as noções de sujeito e arte autônomos e seu Outro, espécie de inflexão cuja abertura à imaginação procura aproximar da linguagem estratégias de “estranhamento” para a crítica e a leitura de arte, cultura, história e do mundo. Esta comunicação analisa como certos espectros oriundos de diferentes articulações teóricas (Derrida, Lacan, Hardt, Negri, Jameson, Virno) aparecem na crítica pós-autônoma e quais as relações implicadas no movimento de aproximação e distanciamento desses referenciais no pensamento de Ludmer.