Com as frequentes mudanças enfrentadas pela sociedade ao longo dos anos, a escola como parte deste sistema não pode estagnar no tempo. Vivemos em transformação e não podemos pensar a escola fora desta realidade. Em nosso transitar nos espaços educativos, percebemos a presença de diversos recursos digitais, como por exemplo, as lousas digitais e os netbooks com pouca utilização pelos professores. Consideramos importante estudar como esses utilizam as tecnologias em seu cotidiano e, principalmente, como o emocionar que funda a cultura escolar influencia a prática pedagógica dos professores de Matemática, no uso das tecnologias digitais. A escolha por professores de Matemática justifica-se pela vontade de compreender como estes rompem com a histórica forma de trabalhar a Matemática em sala de aula, seguindo a lógica de definição, exemplo e exercício, e modificam sua ação trabalhando os conteúdos pedagógicos por meio de metodologias educativas utilizando ferramentas digitais como softwares, simuladores e ambientes virtuais de aprendizagem. No estudo, em nível de mestrado vinculado ao curso de Pós-Graduação em Educação em Ciências da Universidade Federal do Rio Grande – FURG, encontramos suporte teórico na Biologia do Conhecer de Maturana e Varela para gerar o fenômeno a ser explicado, na proposição de um sistema conceitual aceitável para uma comunidade de observadores. Elaboramos um formulário eletrônico no Google Drive, enviado a 60 (sessenta) professores de Matemática que atuam em escolas da rede pública de ensino do município de Rio Grande – RS, possibilitando a interação por uma via simplificada, pois o próprio formulário permite encaminhar o convite para o e-mail dos professores, bem como, preservar a identidade nas respostas. Nossa intenção é compreender o emocionar dos professores de Matemática no uso dos recursos digitais e para isto, encontramos no Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) uma proposta de análise. Nesse momento da pesquisa, nos encontramos na construção do fenômeno a ser explicado, analisando as respostas dos professores, para gerar um discurso coletivo. Em uma análise inicial observamos um discurso em que destacam o uso da tecnologia em suas práticas e que, dependendo da forma como são utilizadas, podem potencializar e enriquecer a aula de um professor, ou podem somente substituir um recurso ou estratégia metodológica. Indicam o uso de softwares, Objetos Virtuais de Aprendizagem e as redes sociais como ferramentas que auxiliam na exploração de conceitos e situações-problema e servem tanto para apresentar um conteúdo mostrando alguma aplicação no cotidiano, como para resolver exercícios com mais clareza. A maioria dos professores, que responderam ao questionário, dizem usar os recursos tecnológicos em suas aulas, variando em frequência, que dizem ser semanal ou quinzenal. Destacam ainda que não as usam diariamente, pois exige tempo, dedicação e planejamento, além de um agendamento prévio do recurso. Ao olharmos o emocionar dos professores poderemos entender a cultura escolar que funda suas práticas pedagógicas. O discurso coletivo é um indicador de que usar as tecnologias digitais voltadas para o processo de construção do conhecimento é estar voltado para uma educação que legitima o saber.