RELATO DE EXPERIÊNCIA DA SISTEMATIZAÇÃO DO CONTEÚDO DE GINÁSTICA ATRAVÉS DA REALIZAÇÃO DO 1° FESTIVAL DE GINÁSTICA NA ESCOLA ESTADUAL SANTOS FERRAZ EM PARCERIA COM O PIBID - UFAL/ EDUCAÇÃO FÍSICA. Rafaela Gomes Cavalcante/rafaelajapa2009@hotmail.com/ Universidade Federal de Alagoas. Esp. Priscila Costa Souza/Universidade Federal de Alagoas. Lucas Barbosa Gomes/ Universidade Federal de Alagoas. Cássia Paloma Porto Silva/ Universidade Federal de Alagoas. Vannina de Oliveira Assis/ Universidade Federal de Alagoas. Eixo Temático: 1. Processos de Ensino e aprendizagem - com ênfase na inovação tecnológica, metodológica e práticas docentes. Agência Financiadora: CAPES. Resumo Sabendo que a Ginástica deve ser entendida como "uma forma particular de exercitação onde, com ou sem uso de aparelhos, abra-se a possibilidade de atividades que provocam valiosas experiências corporais, enriquecedoras da cultura corporal das crianças, em particular, e do homem, em geral" (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 34), este trabalho teve por objetivo socializar a experiência do conteúdo de Ginástica, apresentado aos alunos dos 1º anos do ensino médio da Escola Estadual Santos Ferraz, na cidade de Taquarana, no sertão de Alagoas, na disciplina de Educação Física, como também demonstrar que é possível realizar um trabalho comprometido com o desenvolvimento dos alunos mesmo com recursos reduzidos da escola pública brasileira. Com o ensino da Ginástica Geral, pretendeu-se proporcionar aos alunos o reconhecimento e apropriação acerca do acervo de tal conteúdo. Durante as aulas foram trabalhados os fundamentos da Ginástica Geral, sendo esses: saltar, equilibrar, rolar/girar, trepar e balancear/embalar. Para o desenvolvimento de tais conhecimentos, a professora supervisora do PIBID, com a colaboração dos bolsistas realizaram intervenções com a ginástica, considerando com a realidade dos alunos, de maneira contextualizada, incentivando o resgate histórico e cultural dessas práticas. A metodologia utilizada durante a realização das aulas foi o 'método da práxis social' (SAVIANI, 2009), que possui cinco momentos: prática social inicial, problematização, instrumentalização, catarse e retorno a pratica social. O processo trato com o conhecimento da ginástica culminando na construção, ensaios e consolidação da série ocorreu num período correspondente a um bimestre, equivalente a 2 meses. Nas primeiras aulas realizamos a prática social inicial e a problematização da temática ginástica através de questões desafiadoras que promoviam o diagnóstico dos conhecimentos prévios dos alunos acerca deste tema, posteriormente na instrumentalização apresentamos e discutimos o que seria o bimestre e a ginástica geral, esclarecendo possíveis dúvidas que iam surgindo. Nos momentos de catarse e retorno à prática social inicial foi sugerida, uma reconstrução dos conceitos iniciais a partir do que eles sabiam após a explicação, o que até o momento ainda se mostrava uma dificuldade, romper a barreira do silêncio quando o assunto é a construção de novas sínteses. Após essa primeira aproximação, partimos ao estudo e a vivência acerca, das partes consideradas 'frágeis' do corpo (punho, pescoço e joelho), através dos cuidados com o corpo deles e com o corpo do colega; atividades de consciência corporal, confiança e vertigem, mostrando como a Ginástica é desafiadora e que é possível de ser trabalhada na escola. Para aprofundamento do conhecimento, a cada semana foi vivenciado um fundamento da ginástica, segundo o Coletivo de Autores (1992), respectivamente: Equilibrar - desenvolvido através de equilíbrios individuais, em duplas e em grupos, alguns destes presentes nas formas sistematizadas de ginástica como o avião, vela, prancha etc., utilizamos para este fundamento apenas o tatame; Saltar - para este fundamento utilizamos não apenas o tatame, como colchonetes, cordas cones no intuito de possibilitar uma maior variedade de saltos, neste fundamento também foi realizado tanto as formas sistematizadas como não sistematizadas de saltos; Girar - para este fundamento utilizamos apenas o tatame, para a realização de formas mais complexas de giros como o mortal, por exemplo, utilizamos o apoio entre os colegas e a ajuda da professora e dos bolsistas; Embalar/balancear - este fundamento, nas formas mais sistematizadas de ginástica necessitaria de equipamentos como traves paralelas, e assimétricas, para sua realização, uma vez que a escola não possui o mesmo realizamos atividades de embalar em grupos em que os alunos fariam apoios uns aos outros; Trepar - do mesmo modo que o anterior, na escola não possuía material específico para o ensino deste fundamento nas formas mais sistematizadas de ginástica como por exemplo as argolas, deste modo ele foi realizado através de figuras humanas que preservavam a essência do referido conceito. Todas as aulas supracitadas, iniciaram com o questionamento do que era o fundamento em questão, discussão e vivência do mesmo, assim como a reformulação teórico/prática os conhecimentos apreendidos, inclusive com a construção de pequenas séries que a cada novo fundamento era introduzido. Onde, mais importante do que a perfeição técnica em realizar os movimentos, as aulas buscaram desenvolver nos alunos a confiança em si, a criatividade e a descoberta que através da repetição e da contextualização é possível desenvolver este conhecimento, que para eles parecia impossível de ser realizado, pelas referencias empíricas advindas da ginástica esportiva de alto nível. Após a explicação do conteúdo, os discentes construíram séries ginásticas compostas pelas sequências lógicas dos fundamentos trabalhados durante as aulas, onde eles puderam associar os sentidos e significados dos conhecimentos trabalhados em sala em suas produções. As séries deveriam ser construídas a partir do que os alunos aprenderam durante as aulas, usando criatividade e dando sentido aquilo que estão produzindo. Todas as séries do festival utilizaram músicas clássicas de Luiz Gonzaga, como homenagem ao centenário do eterno "Rei do Baião". O projeto também teve a qualidade de realizar o encerramento de uma etapa das atividades do PIBID/UFAL/Educação Física na escola, visto que uma nova turma de bolsistas daria continuidade ao programa. Assim, diante das experiências apresentadas evidencia-se que a Educação Física Escolar e especificamente o ensino da Ginástica contribuem para "formar pessoas criativas e autoconfiantes, ou seja, que acreditem em si mesmas, na sua capacidade de atuar no mundo [...]" (BREGOLATO, 2008 p.143). Conclui-se portanto, que realizar um festival de ginástica na escola em parceria com o PIBID, para toda a comunidade escolar, é não apenas uma justificativa da importância e relevância desse programa, como também, de que a Educação Física possui um conhecimento específico e diversificado, possível de ser desenvolvido nas escolas mesmo diante de limitações. No entanto o mais significativo é a percepção dos próprios alunos do quanto eles evoluíram durante a construção das próprias séries e para além do que vivenciaram em sala, a compreensão de que quem participa da série enquanto manifestação artística, como participante ou criador não é o mesmo depois. Ressaltando assim, o salto qualitativo que os alunos tiveram com a apropriação deste conteúdo, além disso, viabilizou a internalização de valores que são fundamentais para a consolidação de relações de confiança e respeito com o outro. Palavras-chave: PIBID, educação física, ginástica, festival. Referências BREGOLATO, R. A. Cultura corporal da ginástica. São Paulo: Ícone, 2008. (Coleção - educação física escolar: no princípio de totalidade e na concepção histórico social- v. 2). COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo, Cortez,1992. SAVIANI, D. Escola e democracia: teoria da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política. 41. ed. rev. Campinas, SP: Autores Associados, 2009. (Coleção - polêmicas do nosso tempo).