É notório que a matemática está presente em todos os contextos da sociedade, sendo aplicada de diversas formas no cotidiano. No entanto, as dificuldades encontradas no processo de ensino e de aprendizagem dos conteúdos dessa disciplina são muitos e isso não é um fato recente(FIORENTINI, 1995). Na maioria das escolas públicas o seu estudo tem gerado preocupação, pois pode ser uma das causas da evasão escolar(RIFFEL; MALACARNE, 2010). Tendo como um dos objetivos estimular e promover o estudo da Matemática, encontramos um importante projeto, de abrangência nacional, dirigido às escolas brasileiras públicas e privadas, realizado pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), com o apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), e promovida com recursos do Ministério da Educação e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), que é a Olimpíada Brasileira de Matemática nas Escola Públicas (OBMEP), voltada para alunos do 6º ano do Ensino Fundamental até último ano do Ensino Médio. A prova destinada ao ensino médio abrange vários conteúdos matemáticos, tais como: aritmética, geometria, álgebra, contagem entre outros. Dentre esses conteúdos destacamos a contagem e probabilidade, que a exemplo dos demais está presente no cotidiano dos alunos, mas que gera dificuldades de compreensão e aprendizagem. Nesse contexto, voltamos nossa atenção para o seguinte problema: quais as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos do primeiro ano do ensino médio, de uma escola pública de Marabá-Pará, para aprendizagem dos conteúdos de contagem e probabilidade, que estão inseridos nas provas da OBMEP? Na tentativa de buscar elucidá-lo, traçamos como objetivo: identificar e analisar dificuldades enfrentadas pelos alunos do primeiro ano do ensino médio, de uma escola pública de Marabá - Pará, para aprendizagem dos conteúdos de contagem e probabilidade, que estão inseridos nas provas da OBMEP. Para isso, utilizamos as abordagens metodológicas quantitativa e qualitativa (GERHARDT, SILVEIRA, 2009), utilizando como instrumentos: um questionário para os alunos do ensino médio do primeiro ano de uma escola pública situada na zona urbana de Marabá - Pará; uma entrevista realizada com a professora dos alunos participantes da pesquisa; e observação em sala de aula da turma entrevistada, em aulas de matemática. Para fundamentação teórica dessa pesquisa utilizamos alguns autores, tais como: Alves (2010); Bicudo e Borba (2005); Biondi, Vasconcelos e Menezes-Filho (2009); Fiorentini (1995); Fernandes (2007); Riffel e Malacarne (2010). Em síntese, os resultados da pesquisa mostram que os alunos participantes estão na faixa etária de 14 a 17 anos. Quando perguntados sobre o gosto pela disciplina de matemática, 64% dos alunos dizem não gostar da disciplina. Isso pode ser justificado devido a matemática ainda, ser considerada complexa, levando muitos alunos a não se identificam com ela. Encontramos 53% dos alunos que indicarem ter dificuldade de aprender matemática, justificando ser cansativa e de difícil compreensão. Apesar disso, os alunos que participaram da pesquisa, tratam a matemática como uma disciplina importante, sendo que 40% atribuem a importância da matemática ao fato de ser uma área que estimula o raciocínio e 20% consideram a matemática importante para o cotidiano. Um dos fatores que pode influenciar nas dificuldades de aprendizagem é a forma como o professor desenvolve suas aulas, pois 46% dos alunos afirmam que sentem dificuldades para entender as explicações do professor. Referente a OBMEP, todos os alunos dizem ter conhecimentos sobre a prova, apesar de receberem pouca preparação por parte da escola para realizá-la. Perguntados sobre a última pontuação na OBMEP, 71% dos alunos revelaram ter alcançado média entre menos de seis pontos a nove pontos, e 29% indicaram ter atingido a pontuação entre dez a dezessete pontos. Todos os alunos afirmaram que não obtiveram pontuação suficiente para realizar a segunda fase da prova. Sobre os conteúdos obrigatórios na prova da OBMEP, 37% dos alunos dizem ter maior dificuldade em aprender aritmética, 22% Álgebra, 21% em contagem, 19% em Geometria e apenas 1% não apresentou dificuldades. Quando analisadas essas dificuldades, focando apenas os conteúdos de Contagem e Probabilidade, encontramos 79% dos alunos afirmando que conhecem esse conteúdo. Porém, 61% dos alunos afirmaram que tem dificuldades em compreendê-los e desenvolver questões envolvendo-os, devido não tê-los estudado nas aulas de matemática, o que foi confirmado pela professora. Apesar do pouco conhecimento sobre esses conteúdos, 71% dos alunos afirmaram que entendem que esses conteúdos são essenciais para resolução de problemas voltados ao cotidiano. Observamos em aula que há necessidade de uma revisão dos conhecimentos básicos de matemática, como as quatro operações, por exemplo, considerando que essa compreensão é fundamental para a aprendizagem dos demais conteúdos. Como considerações finais podemos destacar que o ensino e aprendizagem dos conteúdos de contagem e probabilidade, na maioria das vezes, não são estudados no primeiro ano do ensino médio, nas aulas de matemática, ou são estudados de forma descontextualizada. Por meio das observações foi possível perceber que a turma não consegue associar os nomes dos conteúdos que estão estudando. A professora relatou que ainda não trabalhou o conteúdo de probabilidade com a turma, mais que eles já têm conhecimento desse conteúdo, pois é utilizado na Biologia. Nesse contexto for perceptível, por meio da observação em sala, que os alunos nem imaginavam essa relação entre disciplinas, ou seja, que certos conteúdos como a probabilidade podem estar inseridos em disciplinas diferentes. Almejamos que os resultados dessa pesquisa possam contribuir de forma significativa para o ensino aprendizagem desses conteúdos matemáticos e que a escola possa utilizá-los para fins de melhoria dos resultados tanto nas provas da OBMEP como nas demais atividades que a escola desenvolve. Além disso, possamos tê-los como referência para sustentação de nossa prática enquanto futuros professores de matemática. Referências ALVES, W. J. S. O impacto da Olimpíada de Matemática em alunos da escola pública. 2010.30 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Matemática) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2010. BICUDO, M.A. V; BORBA, M.C.(Orgs). Educação Matemática: pesquisa em movimento. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2005. BIONDI, R. L.; VASCONCELLOS, L. M.; MENEZES-FILHO, N. Avaliando o Impacto da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas no desempenho de matemática nas avaliações educacionais. In: 31º Encontro da Sociedade Brasileira de Econometria, 2009, Foz do Iguaçu. Anais... Encontro Brasileiro de Econometria - SBE, 2009. GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo (Orgs). Métodos de pesquisa. Coordenado pela Universidade Aberta do Brasil - UAB/UFRGS e pelo Curso de Graduação Tecnológica - Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. - Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. FIORENTINI, D. Alguns Modos de ver e conceber o ensino de Matemática no Brasil. Revista Zetetiké, São Paulo, V.3, N.4, p. 1-37. 1995. FERNANDES, R. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2007. RIFFEL, S. M.; MALACARNE, V. Evasão escolar no ensino médio: o caso do Colégio Estadual Santo Agostinho no município de Palotina, Paraíba, 2010. Disponível em:< http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1996-8.pdf>. Acesso em: 03 set. 2018.