Pesquisas voltadas para as práticas de ensino de língua materna mostram que, apesar dos avanços na área das ciências da linguagem, as aulas de português ainda continuam centradas na linguística de vertente estrutural, em quaisquer dos níveis da língua, fonético, morfológico, semântico e sintático. Nessa linha de pensamento, os professores impõem aos alunos longos exercícios de análise formal, especialmente da organização sintática. Os aspectos sócio-comunicativos da língua são deixados de lado. Assim, a reflexão que fazemos nesse trabalho objetiva apresentar uma proposta de ensino de língua voltada para o caráter sociointeracional da linguagem, ou seja, para o deslocamento do foco da análise tradicional para o lugar do funcionamento da língua viva, para os usos que dela fazem os sujeitos sociais cujas práticas discursivas são dialogicamente produzidas. Nessa perspectiva, apoiamo-nos em estudos de Travaglia (2001) que discute a variação linguística e de Marcuschi (2007) que aponta para a relação entre fala e escrita.