Este artigo tem como objetivo realizar uma leitura crítico-analítica do romance O homem da mão seca (2007), da escritora Adélia Prado, a partir da personagem-protagonista, Antônia. Para tanto, recorrer-se-á às discussões postuladas por Freud (1996) em O mal-estar na civilização e ao conceito junguiano de metanoia, interpretado por Monteiro (2008). De acordo com a teoria freudiana, o mal-estar é gerado pelo excesso de privações, em que o sujeito deve obedecer às normas da civilização em detrimento as suas pulsões. Já o processo de metanoia, conforme Monteiro (2008), pode ser compreendido como uma crise existencial pela qual o indivíduo passa no período da meia-idade. No romance adeliano, a protagonista, que também é a narradora, conta a sua história de vida como se estivesse escrevendo em um diário. Através de sua escrita, percebe-se que Antônia vivencia a fase de metanoia, reconhecendo-se em crise em relação àquilo que deseja e àquilo que, de fato, escolheu ser/viver, o que resulta no mal-estar vivido pela protagonista. Pretende-se ainda analisar a condição de Antônia enquanto mulher, cujos valores são forjados pelo modelo familiar burguês, a partir das contribuições teóricas de Del Priore (2001); Fontenele (2002) e Gotlib (2003).