Nesse breve trabalho abordamos o processo histórico, a partir da visão foucaultiana, do surgimento das ciências sexuais, como estas lidavam com a sexualidade e a influência que exerceram na configuração do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) de forma a patologizar os comportamentos considerados anormais no âmbito das sexualidades. Através da história os comportamentos humanos puderam ser compreendidos por meio de estudos fisiológicos, psicológicos, químicos, sociais, culturais, políticos entre outros. As ciências por sua vez explicam, categorizam, naturalizam, normatizam e controlam comportamentos provocando divisões claras entre o certo e o errado, a verdade e a mentira, o normal e o patológico. Relativamente ao sexo, esta pesquisa aponta para a técnica da confissão nos moldes dos ideários cristãos como ponto de partida para o início das ciências sexuais uma vez que a mesma saiu dos monastérios e se difundiu nas escolas, nos hospitais e nos consultórios, fazendo com que se falasse muito sobre sexo mas com discrição, de modo a atender uma normalidade na fala. Esta narrativa propunha uma minuciosa descrição dos atos pecaminosos, como também a transformação dos desejos dos sujeitos em uma forma de discurso coerente, atrelado aos discursos econômicos, jurídicos e médicos associados ao modo de vida burguês vigente. Neste contexto algumas ferramentas profissionais tornaram concretos os discursos de patologização dos comportamentos anormais, como por exemplo o DSM, cuja representação simbólica e força política têm afetado a subjetividade do sujeito e provocado segregações sociais.