O presente artigo reflete, à luz das postulações freudianas, acerca das relações entre Literatura e Psicanálise, uma vez que esta possibilita aos literatos a criação de metáforas, as quais permitem ponderações e/ou despertam emoções por meio da “palavra”; enquanto aquela oferece referências a teoria da alma que pressupõe a “cura pela palavra”. De forma que ambas possibilitam análises de narrativas, ficcionais/reais, requerendo a atuação de um crítico literário/psicanalista, e interlocução com seres analisados, sujeitos/ personagens. Para tanto propõe-se a reinterpretação e atualização mitológica ao espaço e tempo propostos na narrativa Anjo Negro, a cidade do Rio de Janeiro, em meados do século XX. Analisa-se o perfil psicológico das personagens, Virgínia, Ismael e Ana Maria, por meio dos seus discursos, pensamentos e atos, os quais apontam para a incapacidade de conciliar princípio de prazer e princípio de realidade. A sexualidade é posta em discussão a partir do preconceito racial, pulsão de vida (Eros) e pulsão de morte (Tânatos), interditos ao incesto e assassinato, propostos no Mito da Horda Primeva, bem como por meio de um estudo comparativo entre essa “Tragédia Carioca” e a Tragédia Grega Édipo Rei. Investiga-se as subjetividades em sofrimento a partir da ficção construída pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, evidenciando que por distanciar-se de temáticas históricas, propondo reflexões acerca do que lhe foi contemporâneo, o drama em análise é considerado de tese. Constatando, por fim, a existência de metáforas que permitem analisar as relações estabelecidas pelos sujeitos da natureza primitiva a civilizada.