Este artigo é fruto de uma análise realizada a partir de uma pesquisa do universo sociocultural do homem pastor de carros que trabalha cotidianamente em situação de exclusão, precarização, de informal nas ruas e praças de Sobral/CE, justifica-se pelo fato de que esses agentes vivenciam uma invisibilidade e rejeição social traduzidas em várias formas de violências físicas e simbólicas, infligidas pelo não reconhecimento de cidadania. Na pesquisa, entendi que o campo de trabalho dos flanelinhas é um território marcador de identidade de gênero, fortalecido através das relações culturalmente demarcadas. Trata-se de compreender como ocorre o processo de construção da masculinidade dos atores sociais que exercem as atividades laborais não formalizadas e, também não reconhecidas, de ‘pastorar’ e lavar carros. Nesse sentido, realizei uma pesquisa etnográfica no território de trabalho- Lado Esquerdo da Igreja São Francisco- por ser o território onde se desdobra a reciprocidade entre os flanelinhas e outros sujeitos. O estudo propõe o debate sobre o processo de construções das masculinidades de homens que modelam o cotidiano do trabalho, da vida, da afetividade nas experiências, desejos, performances. O cenário dos acontecimentos é um território demarcado pelos interesses e conflitos de poder e de gênero que marcam os processos societários da construção do sujeito. Trata-se de um estudo etnográfico, permeado pela interseccionalidade das práticas e formas de diferenciação social: classe, raça, geração e gênero. Portanto, cheguei a conclusão que a trajetória que constrói o problema das invisibilidades dos flanelinhas estão atravessados pelo fenômeno das demarcações e limites de territórios simbólicos.