Partido da pergunta de pesquisa, “qual o significado da figura do palhaço enquanto aspecto multissemiótico de leitura e representação da identidade dos presos no espaço EJA prisional?”, este artigo tem como objetivo geral analisar o que representa a figura do palhaço para os apenados que usam esse tipo de tatuagem e para a sociedade. A escolha desta temática foi devido às peculiaridades da simbologia das tatuagens apresentadas nos corpos da maioria da população carcerária, bem como devido ao contexto de EJA prisional, no qual os apenados são colocados em contato com os mais diversos tipos de letramento, mais especificamente às leituras não-verbais, a exemplo das tatuagens. Assim, esses traços chamaram muita atenção a respeito de sua acepção e seu valor perante cada indivíduo recluso, por isso sentimos a necessidade de colocar a tatuagem, enquanto leitura corporal, em estudo. Dessa maneira, foi feita uma relação da figura do palhaço como forma de comunicação e representação da identidade do preso dentro e fora da prisão. Partindo desses pressupostos, nos embasamos em Goffman, que trata especialmente das concepções de representação e estigma dos apenados; bem como da concepção de “multissemioses”, à luz dos estudos de Koch (2008). Metodologicamente, foi realizada uma pesquisa qualitativa, na modalidade pesquisa de campo, que teve como base e fundamentação a contribuição dos apenados participantes da EJA Prisional, do centro de detenção provisória de Macau/RN. Em síntese, identificamos que os apenados que utilizam a tatuagem do palhaço nem sempre têm consciência de sua representação. Assim, a utilização deste tipo de tatuagem é uma forma de identificação individual e grupal, na qual a figura do palhaço tem significados diferentes para os presos que a utilizam como tatuagem e para a sociedade em geral: a mais conhecida é “matador de policiais”. Por fim, é preciso conhecer os diversos significados que a tatuagem pode representar, visto que se trata de uma semiose e está vulnerável às distintas interpretações, tal como foi demonstrado acerca da imagem do palhaço, não mais como uma figura infantil, mas como marca de aceitação dentro do espaço prisional e do contexto criminal.