NEVES, Rafaela Silveira et al.. Efeitos da composição racial na aprendizagem. Anais IV CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/36700>. Acesso em: 23/12/2024 04:07
: O presente trabalho busca investigar os efeitos individuais e agregados da composição racial na aprendizagem dos estudantes da 1ª série / 2º ano do ensino fundamental em 56 escolas públicas e particulares de Campinas – SP. Os dados são provenientes de uma amostra de alunos que realizaram os testes e responderam aos questionários do Estudo Longitudinal da Geração Escolar 2005 e a análise foi realizada por meio de um modelo hierárquico de regressão linear no software MlwiN. Nossas hipóteses iniciais: os alunos que se autodeclaram pretos apresentam, em média, resultados menores de aprendizagem que seus colegas declarados em outras categorias de cor/raça; e de que o tamanho do conjunto de alunos que se autodeclara como pretos em uma mesma escola (proporção de pretos na escola) influencia no mesmo sentido: tende a diminuir os resultados de aprendizagem, conforme mensurados em testes padronizados. Esse efeito do grupo não é apenas uma “soma das partes”, mas caracteriza uma dimensão de desigualdade racial que pode afetar o ambiente das turmas e das escolas. Os resultados confirmaram apenas nossa segunda hipótese: a composição racial influencia na aprendizagem dos alunos. Interpretamos que a falta de afinidade dos estudantes pretos com o ambiente escolar é um reflexo de sua origem familiar, e que as escolas não conseguem reverter esse quadro devido à falta de políticas ou ações específicas para os problemas advindos de desigualdades raciais sobre o aprendizado. Em razão do tipo de modelagem estatística, podemos concluir que a promoção de equidade racial (através de políticas afirmativas, por exemplo) favoreceria a qualidade da aprendizagem de todos os estudantes dentro de uma escola, e não seria apenas um benefício exclusivo de alguns grupos étnicos.