Os desafios da universalização do ensino enquanto uma política pública constituiu-se como um problema ao longo da história da educação brasileira, dificultando a consolidação de um projeto democrático de sociedade e o cumprimento das promessas republicanas. O presente texto evidencia debates em torno da ideia de uma educação republicana no Brasil focando em dois períodos específicos, da Primeira República (1889-1930) e da Nova República (pós 1985). Trata-se de um estudo teórico, de natureza bibliográfica, buscando referenciais no campo da história, da sociologia e das políticas de educação. Esta análise tem como principais referências o livro "A educação nacional" de José Veríssimo, publicado originalmente em 1890 e as obras atualizadas de Dermeval Saviani, principalmente em torno da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em vigor. A partir desta revisão observamos que aspectos atualmente sinalizados como limitantes para a realização de um programa efetivo de educação nacional, já faziam parte de análises feitas no início da República. Dentre vários aspectos discutidos nas obras, destacamos quatro pontos para reflexão: a) o processo participativo na formulação das políticas educacionais; b) o modelo de descentralização do ensino; c) a instituição de um sistema nacional de educação; d) a mercantilização da educação. Considerando o conjunto das discussões, fica evidente que o Brasil, em sua história de desigualdades e injustiças, continua perpetuando uma cultura de privilégios e não de direitos, eximindo cada vez mais o papel do Estado como assegurador dos interesses sociais. Desta forma, entendemos que o projeto republicano não se realizou plenamente e as lutas em defesa de uma educação pública, universal, laica, gratuita e obrigatória ainda são necessárias.