Vários fatores constituintes do processo de ensino e aprendizagem podem exercer influências nas concepções dos estudantes e se manifestam na construção do conhecimento por parte deles. Dentre eles, podemos citar o livro didático, um instrumento muito determinante desse processo, fazendo parte dos materiais utilizados tanto por professores como pelos estudantes de todos os níveis de escolaridade. Nesse sentido, uma preocupação que surge é que o livro didático pode tornar-se obstáculo à compreensão de alguns conceitos físicos e divulgador de noções errôneas acerca do papel que a Matemática desempenha na Física. Por esse motivo, o objetivo da pesquisa apresentada aqui é analisar os capítulos dos livros didáticos de Física utilizados no ensino superior que abordam os conteúdos vetores e movimento e conhecer como o tipo de abordagem desses conteúdos nesses livros podem estar influenciando no entendimento dos conceitos de deslocamento, velocidade e aceleração e na construção da visão dos estudantes acerca da relação entre a Física e Matemática. Para isso, fizemos uma busca nas ementas dos cursos de Física das universidades brasileiras e selecionamos os cinco livros mais utilizados no componente curricular Física 1 e elegemos algumas categorias e critérios a serem analisados que nos permitissem alcançar a nossa finalidade. Sendo assim, pudemos perceber que os livros tendem a fragmentar a Matemática da Física favorecendo o surgimento de confusões e a não integração matemática. Observamos que prevalece nos livros didáticos analisados a visão da matemática como ferramenta a serviço da Física. Essa posição explicitada pelos autores vem a colaborar com a construção das concepções dos estudantes e, infelizmente, corrobora para a disseminação dessa visão ingênua.