O surgimento e a permanência da lógica medicalizante nas escolas é decorrente de diferentes processos, inclusive da interferência de organismo internacionais nas políticas educacionais brasileiras das últimas décadas. O fenômeno da medicalização é definido por Moysés e Collares (2010) como um redimensionamento de questões de ordem escolar, social, econômica e política para o campo médico, compreendidas a partir de um olhar individualizante, o que implica em mudanças profundas na construção de políticas públicas educacionais. Ao analisar a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva, Angelucci (2014) destaca a adoção da terminologia médica para a definição de proposta e políticas educacionais. O trabalho tem como objetivo compreender os indícios dessa lógica na política brasileira de Educação Especial, sob a ótica do Paradigma Indiciário de Ginzburg (1989), por meio da análise dos seguintes documentos: Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva, do Documento Final da Conferência Nacional da Educação de 2014 e do Plano Nacional de Educação (2014-2024). Os resultados indicam dois movimentos contrapostos, o primeiro refere-se à criação de estratégias para superação do preconceito e para o fortalecimento de práticas inclusivas, voltadas para a oferta de ensino de qualidade a partir da introdução metodologias e tecnologia assitiva, além do incentivo à oferta de formação continuada às(aos) professoras(es) em temáticas que abordam a questão da diversidade. Já o segundo, reflete a permanência da lógica medicalizante nos documentos analisados, principalmente em relação às terminologias utilizadas sem a devida reflexão sobre as implicações na trajetória dos(as) alunos(as) caracterizados(as) como público-alvo da Educação Especial.