Inúmeras pesquisas, teses e dissertações têm mostrado a falência do ensino de literatura como uma alternativa para a formação de leitores e a contribuição da escola para este fracasso. Alguns dos principais problemas identificados são: a dependência do professor no manual didático; a ausência de formação inicial e continuada que o capacite para o trabalho adequado com este texto; a inadequação do suporte didático para o ensino; a existência de um cunho pedagogizante que permeia as relações entre o texto infanto-juvenil e a educação; a abordagem metodológica que prioriza um saber sobre a literatura e não uma experiência de leitura. Por outro lado, ancorados em pressupostos teóricos sólidos, outras pesquisas têm apresentado contribuições para que este cenário seja modificado, ainda que estas repercutam paulatinamente no ambiente escolar. Nesse trabalho, refletiremos sobre uma experiência de leitura de Microcontos, com alunos do nono ano do Ensino Fundamental em uma escola pública de Campina Grande-PB, a fim de verificar quais as implicações desta nova configuração da prosa para a formação de que leitores estratégicos. Como o próprio nome denota, os Microcontos são uma reinvenção formal do conto, sobretudo, no que se refere à concisão e efeito. Podemos defini-los como sendo narrativas muito curtas que condensam, ao mesmo tempo em que ampliam, a interação texto-leitor. Embora não sejam muito conhecidos, sobretudo no Brasil, esse gênero vem ganhando espaço na literatura contemporânea devido às suas características específicas que dialogam muito bem com os escritores e leitores atuais, os quais cultuam a velocidade e a cultura do choque. O propósito desta experiência pautou-se na necessidade de a escola formar leitores suficientemente competentes: que além de se apropriar dimensão estética da literatura, relacione-a a sua cultura, ao seu contexto sócio-histórico e ao seu cotidiano, ampliando, assim, sua bagagem cultural e seu horizonte de expectativa. No que concerne à coleta de dados, utilizamos: questionário de sondagem, textos xerocopiados, diário de observação e relato reflexivo. Do ponto de vista teórico, utilizaremos aqui os estudos de Cosson (2014); Girotto e Souza (2010); Solé (1998) e Swinderski e Costa- Hubres (2009), além das diretrizes relacionadas ao lugar das práticas de leitura literária no ensino fundamental, tratadas na BCNN (2015).