As concepções de corpo em determinada cultura possuem suas nuances e são influenciadas por fatores culturais, filosóficos e/ou religiosos e científicos de determinada sociedade. O corpo da modernidade resultado do recuo das tradições populares e do individualismo ocidental, marca a divisão entre os indivíduos e o encerramento do sujeito em si mesmo. Na Medicina Chinesa as concepções de corpo tem influência da cosmologia Daoísta que possui categorias básicas de constituição o Qì, Jīng e Shén e leis relacionais com o universo e com a natureza, como o Dào, Yīn Yáng e das Cinco Fases WǔXíng. Atualmente a sociedade ocidental possui sua concepção de corpo ditado pelo saber científico biomédico, recebendo influências também de saberes populares e orientais, cada saber, possui suas especificidades e contribuição para os processos de saúde da nossa sociedade. Na Medicina Chinesa o corpo é formado por estruturas físicas, orifícios, líquido, mas também por emoções, entidades psíquicas e correspondências com elementos da natureza, cores, sabores e com ciclos sazonais, todos graduados pela composição binária Yīn Yáng. Assim o corpo possui aspectos integrativos e relacionais em detrimento de uma concepção que separa sujeito de seu corpo e da sua doença, podendo contribuir para uma autonomia do sujeito enquanto agente de seu processo de cura. Sendo o corpo para o Daoísmo um elemento de realização da consciência, aqueles que compreender o Grande Dào podem através do corpo e de hábitos diários, preservar sua saúde, adquirir longevidade e espiritualidade, portanto uma vez que o corpo não está separa do sujeito, ele não se apresenta nem como objeto único para tratar a saúde, nem desvalorizado nesse processo.