, Otaízadossantossilva. Gênero em "angélica": um roteiro de leitura. Anais I CONBRALE... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/30304>. Acesso em: 13/11/2024 19:07
Vivemos em um país onde a opressão e violência contra mulheres é uma triste realidade. Fruto de uma cultura patriarcal, as relações entre homens e mulheres, seja no campo do trabalho ou da afetividade, são desiguais, com franca desvantagem ao feminino. Nesse contexto, discutir questões de gênero na escola é fundamental e a literatura infanto-juvenil pode contribuir com esse debate, tendo em vista que, além de problematizar o gênero expondo os limites e as contradições impostos ao feminino e ao masculino, procura dialogar mais diretamente com o jovem leitor, seja pela linguagem que aciona, seja pelas situações e problemas narrados. Na obra Angélica (1975), Lygia Bojunga apresenta personagens que encenam e questionam estereótipos e lugares atribuídos comumente a mulheres ou homens, desnaturalizando o gênero. Considerando essa narrativa, nosso artigo pretende oferecer um roteiro de leitura, sistematizando questões temáticas e formais da obra, enfocando, neste processo, o gênero. O trabalho está fundamentado nos estudos de gênero desenvolvidos por Carson (1995), Louro (1997), Accioly Lins et al. (2016); e na reflexão sobre o letramento literário na escola (COSSON, 2016, 2014, 2009). Nosso roteiro de leitura não constitui receita ou esquema de abordagem da obra, mas pretende servir de auxílio ao professor que planeje mediar boas discussões sobre o gênero na literatura e na vida.