Este artigo traz discussões sobre a formação do professor de artes, problematizando o modo como a trajetória escolar de um indivíduo no sistema público de ensino é marcada pelo cerceamento da liberdade de expressão. A pesquisa que deu origem a este trabalho desenvolveu-se no formato de estudo de caso que, dentro de uma abordagem qualitativa, tomou a entrevista-narrativa como instrumento de construção de dados. O caso em estudo é o processo de formação de um professor de arte de uma comunidade localizada numa cidade da região do semiárido baiano. As reflexões apresentadas neste trabalho são construídas a partir da análise de fragmentos da narrativa do sujeito e estão organizadas em categorias. As análises apontam que a arte, enquanto área de conhecimento, não ocupa um lugar de destaque no cenário geral na trajetória escolar do sujeito entrevistado, pois a escola por ele frequentada estava muito mais ocupada em impor regras e limites, do que efetivamente em fomentar a criatividade e o exercício do pensamento crítico. A narrativa do professor que participou deste estudo aponta que a formação dos professores de arte na universidade está marcadamente atravessada por formalismos acadêmicos que não favorecem o desenvolvimento de trabalhos pedagógicos comprometidos em consolidar avanços no ensino da arte na escola básica. Os resultados deste estudo revelam que a arte, por sua relação com a subjetividade humana, não é área de conhecimento afeita a condicionamentos ou limitações. Na verdade, ela suscita que o sujeito transcenda o seu olhar para o mundo e para si mesmo, construindo representações a partir da liberdade de criação; não cabendo, portanto, práticas de silenciamentos tão comuns na forma como a escola geralmente se organiza.