O presente trabalho objetiva demonstrar o papel social da mulher nordestina como detentora de subliminar superioridade sobre o indivíduo masculino, também nordestino, na obra literária Vidas Secas do autor modernista Graciliano Ramos, de forma a analisar também, comparativamente, as manifestações sociais existentes na adaptação feita pelo diretor neorrealista Nelson Pereira dos Santos, em sua obra cinematográfica de mesmo nome do livro já mencionado. Procura-se examinar e enfatizar as manifestações históricas de gênero da sociedade nordestina, presentes tanto no livro quanto no filme, em que a figura da mulher está emblematizada como uma estereotipização de mulher sertaneja, sem recursos, mãe de família e dona de casa, na época em que os fatos fictícios relatados nessas produções estão artisticamente inseridos. Tal enfoque discursivo será construído a partir de uma perspectiva cultural e tradicional da conduta humana feminina perante a civilização sertaneja do Nordeste brasileiro. Para isso, metodologicamente, será apresentado explanações das características culturais existentes em ambas as obras, bem como dos traços literários que as constituem, todavia, dando destaque a vida difícil da mulher pobre na região Nordeste. Apontando, inclusive, para a reflexão de uma sociedade rural como fonte fornecedora de subsídios para o progresso da sociedade local e, sobretudo, para comprovar o valor que a mulher desempenha como parte indispensável na preservação e condução da vida dos integrantes da sua própria família (cuidados com os filhos, marido e lar), além de estar, quase sempre, religiosamente subserviente a alguma doutrina de fé, como a católica, conforme nos apresentam as referidas produções artísticas.