Tomando que a sexualidade é um fenômeno que vai se construindo social e historicamente frente às configurações de poder que perpassam todas as esferas da vida, este trabalho teve por objetivo compreender os discursos e práticas dos funcionários de uma penitenciaria no interior de Pernambuco (PE), salientando os modos com que esses lidam com as diferentes modos de expressão da sexualidade dessas mulheres que se encontram hoje em situação de aprisionamento e abarcando sobretudo quais as formas com eles lidam com as questões relativas à sexualidade e se e como são desenvolvidas as ações de saúde sexual neste espaço. A pesquisa em questão é de natureza qualitativa e possui caráter descritivo-exploratório, buscando, a partir do viés da Psicologia Social Construcionista, refletir acerca de como se dá a atuação desses profissionais face aos imperativos de poder que permeiam esses cenários. A coleta dos dados se deu a partir de entrevistas, orientadas por um roteiro semiestruturado, gravadas com a autorização dos participantes e analisadas tomando por base a Análise de Discurso de Linha Francesa. Os resultados mostram que mesmo que haja reconhecimento da sexualidade enquanto direito sexual e, portanto, humano, por parte dos profissionais, isso ainda se dá de forma deficitária, muitas vezes tais vivencias são tomadas como ilegítimas. Destacam-se também diversas configurações de poder que têm colocado os modos de expressão de vida e sexualidade das mulheres no horizonte do abjeto, inumano. Sendo assim, é de suma importância o fortalecimento do reconhecimento e da garantia de tais direitos em ambientes como cadeias e penitenciárias femininas, afinal apesar de estarem em situação de privação de liberdade, ainda assim, são cidadãs.