De fato, a dicotomia racial é ensinada desde cedo, começando na infância e perpetuando-se até a fase adulta. Isso direciona nosso olhar para determinadas percepções de cor/raça e atribui valores sociais, ou seja, preconceitos. No caso das pessoas negras, isso resulta em múltiplas formas de racismo. Este, então, opera em diversas esferas – corporal, linguística, estética – e se atualiza constantemente, garantindo que a branquitude permaneça em uma posição privilegiada e de poder. Este trabalho surge a partir da experiência de conversas com vozes femininas negras, que levantam a pergunta: "Afinal, qual é o meu cabelo?". Foi realizado através da pesquisa qualitativa com grupo focal, envolvendo mulheres negras de diferentes faixas etárias, com o objetivo de entender a relação entre cabelos e memória como elementos influentes na formação estética e social, e a influência do contexto escolar na forma como as participantes percebem a sociedade e sua negritude. Utilizamos a metodologia "Escrevivência", cunhada por Conceição Evaristo (2017), além de pesquisa bibliográfica e documental, a partir das fontes do Jornal Clarim da Alvorada (1932). Como resultado, destacamos três pontos essenciais: o impacto da colonização na identidade formação de identidade, O Movimento Negro e a Lei 10.639/03 como promoção de educação política e social na descolonização mental e estética dos corpos negros. Ressaltando, a performance capilar como fio motor na formação da identidade de pessoas negras, especialmente mulheres.