Este trabalho relata a experiência de um projeto interdisciplinar desenvolvido numa turma de correção de fluxo da rede municipal do Recife, composta por oito estudantes entre 9 e 11 anos, não alfabetizados. A passividade nos momentos de leitura e escrita foi observada nos primeiros contatos com o grupo. Porém, nas contações de histórias percebeu-se a curiosidade pela África. Nos momentos de acolhida o uso dos tablets era um sucesso. Unindo esses interesses foram realizadas atividades visando oportunizar o acesso às novas tecnologias e às informações sobre o continente africano, destacando a cultura afro-brasileira sob um olhar poético, que suplanta a ideia de palavra como mero conjunto de letras. O gênero preferido da turma, o poema, foi escolhido como forma de registro das aprendizagens por proporcionar a coragem de brincar com as palavras e o prazer com as rimas e ritmos. A linguagem poética, por propiciar um contato com formas mais livres de expressão oral e escrita, ampliou diversos conhecimentos acerca do vocabulário, além de estimular a sensibilidade e interesse para criar textos, colaborando ainda para a elevação da autoestima das crianças. Os educandos redimensionaram seus conceitos de palavra, atribuindo-lhe um novo olhar, voltado para o sentimento e à subjetividade presentes nos vocábulos suplantando. A descoberta de que celulares e tablets podem nos ajudar nas aprendizagens em sala de aula foi estimulante para todos. Conhecer a cultura africana e divulgá-la de criança para criança, por meio de textos autorais, fez a turma tomar gosto pela produção e difusão de conhecimento. Os produtos finais foram um livro em versão digital e física, com exemplares impressos pela Editora Imeph para distribuição na comunidade escolar, e uma animação. O projeto foi vencedor estadual do 12º Prêmio Professores do Brasil na categoria ciclo de alfabetização.