O consumo desenfreado se apresenta como uma poderosa ferramenta para galgar o maior objetivo do sistema econômico ao qual a sociedade está submetida, o acúmulo de capital. Para que tal acúmulo, torne-se possível, se faz necessário acinzentar os limites entre ser e ter, modelando desejos de consumo como necessidades, e por fim, alargando a desigualdade social e disparidade econômica, para sustentar a distorção do entendimento de valor no mercado de consumo. A inclusão da temática em currículos oficiais, destacando-se sua inclusão como tema transversal na BNCC, aprofundou receios, e por consequência, a resistência, em dialogar o tema no âmbito educativo. O presente artigo pretende apresentar reflexões acerca do debate sobre Educação Financeira no Brasil, com o objetivo de especular porque certos grupos da sociedade se interessam mais em fomentar o diálogo sobre a temática, enquanto outros, deliberadamente, se afastam. A fim de conduzir as ponderações expostas, o trabalho aspira responder aos seguintes questionamentos: A quem serve a ausência de educação financeira? Quais setores da sociedade se beneficiam com um letramento financeiro deficitário? Quais os impactos da ausência de uma educação financeira crítica? A Educação Financeira é um instrumento neoliberal ou é um campo de disputa pouco explorado? Seria a negligência ao tema uma forma de ferir direitos sociais? As literaturas selecionadas como eixo norteador, focaram nas legislações pertinentes ao tema, nos levantamentos internacionais expostos pela OECD, em uma análise histórica conjuntural, bem como, em autores que compõem o diálogo sobre Economia Política, tal como Frigotto, Antunes e Mészáros. A priori, percebe-se que a resistência explicitada parte de uma ótica onde a preocupação com o discurso neoliberal ofusca a percepção do notório campo de disputa apresentado, dificultando a instrumentalização necessária para o rompimento da alienação nas camadas subjugadas pelo existente sistema econômico.