O artigo examina a visão de Hannah Arendt sobre a educação e sua relação com o espaço público, baseado principalmente nas obras "A Condição Humana" e "Entre o Passado e o Futuro". Arendt argumenta que o espaço público, outrora dedicado ao debate político, foi transformado em um mercado dominado por trocas comerciais, resultando na invasão do espaço privado sobre o público. Esse fenômeno, segundo Arendt, ocorreu em paralelo com uma crise na educação norte-americana nas décadas de 1960 e 1970, onde as ciências humanas foram suprimidas em favor de um ensino técnico e utilitário, deixando um vazio existencial e moral. O referencial teórico-metodológico do trabalho baseia-se na análise crítica das obras de Arendt, abordando suas ideias sobre as atividades humanas fundamentais: labor, trabalho e ação, cada uma associada a diferentes aspectos da condição humana. Arendt distingue entre o labor, que sustenta a vida biológica, o trabalho, que cria um mundo de coisas duráveis, e a ação, que é a expressão da pluralidade humana e essencial para a vida política. A metodologia inclui uma reflexão crítica sobre esses conceitos, relacionando-os com as condições de natalidade e mortalidade. Os principais resultados indicam que a ação humana, caracterizada por sua imprevisibilidade, é crucial para a criação e manutenção do espaço público. A crise moderna é vista como resultado da perda do senso comum e da conversão do espaço público em um mercado, enfatizando a necessidade de resgatar a educação como um espaço de renovação e resistência. Arendt sugere que a educação deve fomentar a capacidade crítica e a responsabilidade pelo mundo, preservando a esfera pública dos efeitos negativos da tecnocracia e da especialização excessiva. Assim, o artigo conclui que a reflexão arendtiana pode oferecer novas perspectivas para entender e enfrentar os desafios contemporâneos na educação e na esfera pública.