Este artigo tem como objetivo refletir sobre concepções de conhecimento no campo da psicologia e da educação na segunda metade do século XX até os dias atuais e como elas refletem tradições teóricas que influenciam gerações de educadores e pesquisadores, além da forma de administração e organização das escolas. Com base nos estudos em psicologia cognitiva desenvolvidos por Jerônimo Bruner, a pesquisa em psicologia do desenvolvimento e cognitiva nas últimas décadas tem sido dividida em concepções computacionais ou culturais. Esse estudioso defende que tanto a ficção quanto a matemática precisam ser transformadas em expressões de um sistema simbólico, isto é, em linguagem, o que põe por terra a dicotomia entre uma concepção pragmática, baseada na matemática e computacionismo, e outra concepção cultural. O autor conclui que a linguagem da educação deve ser constituída a partir da reflexão e da criação da cultura, não devendo esta estar desconectada da realidade e da subjetividade. A tradição americana buscou durante anos construir uma psicologia fortemente científica, empirista e pragmática, fazendo com que a ciência cognitiva, que em sua origem buscou recuperar a "mente" nas ciências humanas desviasse de sua finalidade, tornando-se uma disciplina fragmentada e tecnicizada. Isso fez com que o conceito de sentido fosse ocupado pelo de computabilidade. Bruner reconhece o papel da cultura na aprendizagem, incluindo tanto dispositivos tecnológicos quanto instrumentos culturais. Isso implica uma mudança não apenas na forma como o conhecimento é adquirido, mas também na forma como a educação é organizada e administrada. A incorporação da tecnologia digital nas escolas envolve muitos desafios, pois essa nova linguagem admite a coexistência de duas culturas que se complementam atualmente na educação: a cultura tradicional representada pelos livros, a razão e a ciência positiva, e a cultura das tecnologias e internet.