Segundo a Constituição Federal brasileira de 1988, a educação é um direito de todos e, na perspectiva da educação integral, visa não apenas à construção de conhecimentos científicos e historicamente acumulados, mas também ao desenvolvimento pleno dos educandos, considerando as diferentes dimensões de suas identidades. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (9.394/96) propõe a ampliação da jornada escolar e o aumento gradativo da oferta de educação integral, com avanços significativos por meio do Programa Mais Educação, iniciado em 2007. O presente estudo objetiva investigar as percepções e considerações dos educadores sobre os desafios, possibilidades e do cotidiano no contexto da jornada ampliada nas escolas de tempo integral da rede municipal de Santos, no litoral de São Paulo. A metodologia adotada é qualitativa, de caráter exploratório e descritivo, envolvendo levantamento bibliográfico e produção de dados por meio de entrevistas semiestruturadas. Oito educadores participaram da pesquisa de campo, sendo dois de cada uma das quatro escolas públicas de ensino fundamental anos iniciais, localizadas em diferentes regiões do município. A análise temática de conteúdo revelou três categorias principais: 1. Educação Integral; 2. Formação Continuada; 3. Educação Formal e Não Formal. Os resultados mostram que as percepções dos educadores sobre educação integral são fortemente influenciadas por suas experiências profissionais. Eles destacaram que a formação continuada no ambiente escolar, inexistente nas escolas participantes, seria uma oportunidade crucial para a reflexão coletiva sobre a escola, suas demandas e os desafios cotidianos. Apesar da proposta da educação integral de proporcionar aos estudantes oportunidades de contato com a educação formal e não formal, sem hierarquização dos saberes, os educadores apontaram diversas lacunas entre esse objetivo e a realidade prática das escolas.