Esse estudo parte de uma situação complexa que assola os espaços digitais: ao mesmo tempo em que a internet possui a potencialidade de se tornar “espaço mais aberto” para debate-discussões sobre populações e questões invisibilizadas ela também possui em sua gênese uma construção racista-machista, a exemplo disso, alguns mecanismos agem de maneira a moldar esses espaços, como o racismo algorítmico, opressão algorítmica e colonialidade de dados. Sobre essa múltipla dimensão que será tratada nessa pesquisa, de onde emergiram os seguintes objetivos, discutir alguns mecanismos de opressão que assola os espaços digitais, a saber, opressão algorítmica, racismo algorítmico e colonialismo de dados; Descrever práticas educativas realizadas por algumas produtoras de conteúdo afrodescendentes nos espaços digitais quando narram suas experiências de leitura. O caminho metodológico foi derivado da tese em educação desta autora que se caracterizou como “pesquisa em espiral” (SOUZA, 2023) para estudar dois perfis do Instagram, @leia_preta e @lendomulheresnegras. Para tanto, nos interessa nessa pesquisa apenas as informações dos perfis referentes aos mecanismos de opressão vivenciados no Instagram e as práticas educativas fomentadas pelas produtoras de conteúdo. Como leituras de apoio, destacam-se as/os autoras/es: Santaella (2007, 2008, 2013); Santos (2015, 2019, 2022); Noble (2021) no que concerne à cibercultura, ubiquidade e opressão algorítmica; Freire (1967, 1979, 1989, 2013), Brandão (2007), Boakari e Silva (2021) na discussão acerca da dimensão plural da educação e das práticas educativas. A partir das análises realizadas, constatou-se que as criadoras de conteúdo responsáveis pelos perfis fomentam e desenvolvem práticas educativas como fazeres políticos, uma vez que engendram informações, conhecimentos, ideias e pensamentos relevantes-objetivados, de maneira intencional, questionadora, reflexiva e dialógica fissurando os mecanismos de opressão que constituem os espaços digitais.