A crise do capitalismo no contexto do final do século XX e a sua agudização no início do século XXI, não estão deslocadas de fenômenos importantes como a globalização, o neoliberalismo (e sua crise) e a influência da pós-modernidade na reconfiguração da função social da educação. O texto que aqui apresentamos discute a interseção da educação com outras práticas sociais na produção da existência humana, destacando seu papel mediador e contraditório na estrutura econômico-social, partindo da compreensão de que a educação pode tanto reforçar relações de poder e dominação quanto alimentar processos contra hegemônicos. Para compreender essa dinâmica, é importante analisar as determinações estruturais e conjunturais que moldam o papel da educação na sociedade contemporânea. Nesse sentido, alude-se à influência das condições sociais sobre a vida objetiva e subjetiva, a partir das contribuições trazidas pelo referencial teórico do pensamento marxista e dos pressupostos do método histórico-dialético. Também problematizamos a evolução do capitalismo, desde a gênese da acumulação primitiva até as formas contemporâneas de acumulação por espoliação, próprias do neoliberalismo. Argumentamos que essas mudanças desafiam a compreensão da subjetividade da classe trabalhadora, influenciando inclusive a educação formal. Para contextualizar essa influência ao longo do desenvolvimento do capitalismo, trazemos ainda as contribuições de pesquisadores que discutem as teorias do sistema-mundo e outros pensadores marxistas que nos ajudam a melhor compreender o nexo histórico e social das políticas de educação, vistas em sua complexidade, com a totalidade social.