A leitura é uma competência cognitiva que acompanha o ser humano moderno em sua evolução linguística, social e tecnológica, a partir da coletividade e da necessidade cada vez mais premente de sofisticar seus símbolos comunicativos, desde os pictogramas, hieróglifos, códices, ideogramas, abjads, cuneiformes e alfabetos. Podemos vincular o conceito de leitura ao processo de literacia, numa compreensão mais ampla do processo de aquisição das competências de leitura e escrita e principalmente da prática social destas capacidades. Os diversos conhecimentos científicos adquiridos e desenvolvidos pelos seres humanos até a sociedade capitalista contemporânea envolvem e exigem uma sociabilidade comunicativa que cria parâmetros mínimos de inter-ação de nossa espécie, que coloca a competência psico-cognitiva da leitura como pressuposto inclusivo de qualquer indivíduo no mundo, em suas mais distintas expressões de linguagens, o que dialeticamente não representa a des-alienação ideológica das pessoas, mas a necessidade histórica de sua libertação. Neste sentido este estudo monográfico ensaia uma reflexão inter-disciplinar, fazendo analogia ao mito grego do ‘Fio de Ariadne’, como sendo 'uma linha única que estabelece consonâncias teóricas para compreender a aquisição da competência literária na sociedade contemporânea, a partir do pensamento do psicólogo russo Lev Semionovitch Vigotsky que apoiará a compreensão sobre à psicogênese da leitura, dialogando com o conceito do habitus a partir das reflexões do sociólogo francês Pierre Bourdieu, que contribui para refletir sobre o ‘habito literário’, finalizando o fio condutor desse estudo com o filósofo e educador Paulo Reglus Neves Freire que explica a leitura, através da coletividade humana, em uma sociedade capitalista, desigual e excludente, que pode ser decifrada, e interpretada para ser transformada a partir de uma leitura crítica e libertadora do mundo promovido por um processo de conscientização.