Este trabalho tem como objetivo apresentar as impressões acerca de situações de violência e insegurança escolar, tendo como base os microdados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021, dos diretores escolares de escolas públicas brasileiras. Ainda que os dados representem uma situação excepcional decorrente do contexto pandêmico, parte das inquietações assinaladas nos achados chama atenção às repercussões acerca da violência nas escolas observadas em estudos anteriores (Marinho, et. al., 2022) e estudos mais recentes em que se destacam aumento de ataques às escolas (Instituto de estudos avançados da Unicamp, 2023). Com base nos microdados, pode-se assinalar que 667 diretores destacam que o calendário escolar de 2021 foi interrompido durante vários dias por episódios de violência. Dentre os casos apontados, 69 ocorreram em escolas públicas de zona rural, e 598 em zona urbana. Quanto a divisão regional, 11% dos casos situam-se na região norte, 26% na região nordeste, 3% na região centro-oeste, 51% na região sudeste e 9% na região sul. Dentre os estados com maior número de casos, o Rio de Janeiro está em primeiro lugar, com 268 e na segunda posição, Bahia, com 99. Sobre a frequência de situações de violência apontadas, 117 diretores destacam que várias vezes ocorreram “tiroteio ou bala perdida”; 83 “depredação do patrimônio escolar (vandalismo)” e 73 “roubo ou furto”. Sobre as condições de segurança na entrada e saída das escolas públicas, 40% assinalam como inadequado e 15% como muito inadequado. A existência de contextos sociais desiguais e aspectos relacionados a demarcações territoriais e violência urbana adentram o ambiente escolar, gerando a necessidade de compreender o fenômeno da violência de forma interdimensional.