A presente pesquisa tem como objetivo compreender a participação das mulheres na produção jornalística do século XIX, a partir da experiência editorial de Maria Firmina dos Reis na imprensa maranhense oitocentista. A proposta tem como objeto de estudo as publicações de Maria Firmina na Revista Maranhense, mais especificamente o conto A escrava (1887). A pesquisa, de caráter interdisciplinar, dialoga com os estudos literários e do pensamento social brasileiro, de modo a compreender o contexto histórico e social em que Maria Firmina dos Reis viveu e escreveu. A criticidade na escrita de Maria Firmina é entendida aqui como uma forma de resistência à exclusão, ao preconceito e às injustiças enfrentadas pela mulher negra na sociedade brasileira em que Firmina viveu e no contemporâneo. A leitura analítica dos dados sinaliza que as publicações de Maria Firmina na imprensa maranhense possibilitam o mergulho em nossas raízes históricas e culturais. Sob essa perspectiva, a voz de Maria Firmina dos Reis ainda é uma convocação á luta pela justiça social. As suas publicações desempenharam um papel relevante na sociedade maranhense oitocentista na luta pela desconstrução da imagem de sujeito escravizado, promovendo a representação e discussão de temas relevantes relacionados à identidade, à justiça e à igualdade.