A educação para as relações étnico-raciais é o tema do ano letivo da Rede Estadual de Educação de Pernambuco e tem por objetivo reforçar a educação para o desenvolvimento de uma sociedade não apenas igualitária, mas principalmente antirracista. Realizar atividades pedagógicas de forma interdisciplinar configura-se como um imperativo da atualidade. A UNESCO considera em seus princípios tanto os quatro pilares da educação (aprender a conhecer, fazer, conviver e ser) quanto a aprendizagem ao longo da vida. A escola deve cumprir seu papel na formação para a cidadania ativa e desenvolvimento de pessoas capazes de contribuir em seus espaços de existência para uma sociedade equitativa, humana e realizada. O objetivo desse estudo foi conhecer a autoidentificação racial de meninas adolescentes de uma escola pública de Pernambuco. A EREM, como são chamadas as escolas de referência em ensino médio do estado, conta com estudantes do 1º ao 3º ano do ensino médio. Foi aplicado, inicialmente, um questionário eletrônico sobre a cor da pele, respondido por 281 estudantes, dos quais 122 eram do sexo feminino. Os resultados mostram que 17% das estudantes se autodeclaram pretas e 55% como pardas, ou seja, um universo de 72% de meninas negras. A autoidentificação como mulher negra continua a ser um processo de construção no qual a escola tem papel crucial como espaço de debate. O autorreconhecimento como mulher negra transcende a mera percepção da própria cor, abrangendo a compreensão do papel da negritude feminina na sociedade, constituindo-se como uma ferramenta contra o racismo estrutural no país. Nesse sentido, a escola possui nos itinerários formativos a eletiva, que pode ter livre inscrição e participação dos estudantes da escola. Incentivar essas meninas para colaborar numa eletiva com o objetivo de empoderamento feminino negro constitui no fazer pedagógico efetivo para a construção de uma sociedade antirracista.