A impercepção botânica expressa-se na dificuldade em perceber aspectos específicos das plantas, tendo como causas possíveis, o zoochauvinismo, o ensino descontextualizado, conteudista e excessivamente teórico, como até mesmo a sua ausência na formação básica. Essa problemática extrapola os limites da escola, resultando na desvalorização da flora, desconhecimento sobre seus serviços ecossistêmicos, arborização inadequada, perda da biodiversidade e valores culturais, disseminação de espécies exóticas e/ou invasoras. Cientes dessa problemática, a presente pesquisa objetivou criar ações no escopo da educação ambiental visando combater a impercepção botânica em áreas urbanas. Com este propósito, foram catalogadas as árvores e demais plantas arborescentes de uma escola, praças e ruas circundantes. Em seguida, foi aplicado um questionário a 40 transeuntes com o intuito de compreender as suas percepções sobre arborização urbana. Por meio das entrevistas, verificou-se que a maior parte dos respondentes considera a arborização importante na manutenção do conforto térmico, mencionando como principal vantagem tornar o ambiente mais agradável. Já como principal desvantagem, apontam danos na fiação aérea. Ao listarem as espécies conhecidas das praças, as mais citadas foram árvores frutíferas exóticas, além de um percentual demonstrar não conhecer nenhuma espécie. Esses resultados dialogam com o levantamento florístico realizado, onde 79,1% dos 377 espécimes são exóticos. Com essa constatação, foram realizadas algumas intervenções: construção de um herbário didático; fixação de placas informativas nas árvores contendo um código QR. Este, direciona o usuário para o aplicativo “Um Pé de Quê? - Árvores de Fortaleza” e para a plataforma mundial de identificação de plantas, o PlantNet. Juntos, visam auxiliar a comunidade escolar na identificação e na difusão de conhecimentos das espécies locais. O aplicativo desenvolvido traz fotos e informações sobre as espécies, como classificação, origem, possíveis usos e importância. Diante do exposto, espera-se que estas intervenções minimizem a impercepção botânica nestas áreas urbanas.