A literatura promove o desenvolvimento de aspectos fundamentais na formação humana, tais aspectos são intelectuais, cognitivos, emocionais, afetivos, bem como o senso-crítico, raciocínio lógico e a oralidade. Em 2003 foi promulgada a lei 10.639 que altera a lei de diretrizes e bases da educação nacional e inclui no currículo escolar a obrigatoriedade do estudo da história e da cultura Afro-Brasileira e Africana. No entanto, observa-se, mesmo após duas décadas da sua implementação, que embora tenham avanços, a aplicação efetiva da lei ainda enfrenta desafios. Um desafio que se apresenta é a visão pontual que muitos educadores e escolas possuem sobre a abordagem da temática em períodos comemorativos. Diante do exposto, apresenta-se um relato de uma experiência escolar interdisciplinar cujo objetivo foi promover a valorização e reconhecimento do protagonismo negro, dentro dos livros literários utilizados na rotina das aulas, bem como abordar sobre autores Negros e a representatividade negra nos livros de literatura infantil. O projeto de ensino foi desenvolvido no Colégio de Aplicação na Universidade Federal de Roraima CAp/UFRR, no município de Boa Vista no estado de Roraima. O público-alvo foram 50 alunos com a faixa etária entre 6 e 8 anos do 1º e 2º ano do ensino fundamental. O projeto aconteceu durante o ano letivo de 2022, oportunizando às crianças a interação com livros que valorizam a cultura negra e promovendo discussões e reflexões sobre racismo, identidade, história, relações e a essência do ser humano. Foram produzidos cartazes, desenhos, cartas, bilhetes, rodas de conversa, registros escritos e visuais, além de apresentação com uma música de roda africana apresentada à comunidade escolar. Os resultados observados apontam para uma mudança conceitual e atitudinal dos envolvidos no projeto, além de se configurar como experiência facilitadora do processo de alfabetização e formadora para a prática docente.