Este texto tem como objeto a escolaridade e o perfil dos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas na Bahia. O objetivo é analisar a relação entre a baixa escolaridade e a ocorrência de infrações por adolescentes. As análises partiram dos dados quantitativos e qualitativos expostos nos relatórios publicados nos anos de 2020 e 2021, pela Defensoria Pública do Estado da Bahia, sobre o perfil dos adolescentes atendidos em algumas unidades das Comunidades de Atendimento Socioeducativo (CASES) do estado. Estudos realizados por institutos oficiais, como o Ipea, e por pesquisas acadêmicas têm tentado traçar a relação entre baixa escolaridade e o cometimento de atos infracionais de modo não causalístico, mas articulando a escolaridade como condicionante importante para pensar formas de contribuir na prevenção da participação de adolescentes em situações de violência. Ter baixa escolaridade não é prerrogativa para o cometimento de crimes, entretanto, os dados mostram que a grande maioria dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas na Bahia mantêm uma relação truncada com a escolarização, perfazendo trajetórias com muitas irregularidades, por vezes, com a saída da escola ainda com baixa escolaridade, com alta discrepância idade-série em percursos lineares de escolarização, por vezes sem terem sido alfabetizados. De acordo com as pesquisas, além da escolaridade, outros fatores se mostram importantes a serem problematizados na proposição de alternativas que possam prevenir a participação desses adolescentes em situações de violência, como o gênero, a raça, as condições de vulnerabilidade a que eles e suas famílias estão expostos, sobretudo quanto a violências letais, e as condições de empregabilidade e renda. O perfil majoritário de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas na Bahia é de meninos, negros, sem ensino fundamental completo, provenientes de famílias e bairros com muitas vulnerabilidades e em condições precárias de empregabilidade e renda.