Este artigo traz um recorte da pesquisa-ação realizada com servidores e estudantes dos últimos anos do Ensino Fundamental do Colégio Pedro II, Campus São Cristóvão II, no Rio de Janeiro. Através de entrevistas semiestruturadas com docentes e servidores técnicos e utilizando a Análise Crítica de Discurso como método de análise, o uso de advérbios pelos entrevistados foi utilizado como balizador atenuante ou agravador de sentido em seus depoimentos, trazendo à tona mensagens implícitas ou “não ditas”. Como parte da Fase Diagnóstica da Pesquisa-ação, a Análise de Discurso trouxe dados capazes de proporcionar uma classificação entre os diferentes tipos de gordofobia sofridos ou percebidos pelos entrevistados, em especial a Gordofobia Escolar, além de atender ao primeiro objetivo específico da pesquisa, que almeja descobrir como se dão as percepções desses profissionais em relação aos corpos gordos e sua postura junto aos estudantes. Observou-se que a escola, que poderia ser a instituição de acolhimento desses corpos dissidentes, vem demonstrando que se comporta como as outras instâncias sociais e acaba por reproduzir, como um microcosmo, as posturas gordofóbicas que acontecem do lado de fora dela. Não há, na escola, cuidados com a acessibilidade dos estudantes gordos, entalando-os em mobiliários inadequados e enlatando-os em uniformes nos quais seus corpos não cabem. Não há, nos currículos escolares, nenhuma menção ao estudo e pesquisa sobre os corpos gordos como corpos diferentes. Há, sim, a estigmatização dos corpos gordos como doentes e improdutivos nos materiais didáticos quando se trata de má alimentação e consumo excessivo de calorias e cálculos de IMC, fazendo com que esses estudantes virem chacota de seus colegas, sendo humilhados publicamente. É urgente que tal postura seja denunciada e que ações antigordofóbicas passem a fazer parte do cotidiano escolar.