A presente pesquisa tem como objetivo evidenciar a música – quando comprometida com uma postura de “voz ativa” - como material de relevância acadêmica para discussões em educação. A noção de “voz ativa” é derivada da música de mesmo nome do Racionais MC’s, na qual o grupo faz denúncias e demanda posturas de articulação e movimentação social, dessa forma, uma música comprometida com “voz ativa”, é aquela que expressa uma inconformidade com determinada situação social e sugere apontamentos futuros a serem seguidos. Partimos de referenciais teóricos como Grada Kilomba, Patricia Hill Collins, Nilma Lino Gomes, Conceição Evaristo e Joaze Bernardino-Costa para desenvolver o argumento de que os ambientes formais de educação não são as únicas possibilidades para criação e socialização de conhecimentos. Também utilizamos de referenciais da decolonialidade a fim de ressaltar que a desqualificação de outras formas de conhecimento e suas diversas maneiras de propagação em prol da manutenção de uma hierarquia que privilegia saberes de origem europeia é um efeito das diversas manifestações da colonialidade, em especial, a do poder e a do saber, implicando em um processo de epistemicídio, conceituado por Aparecida Sueli Carneiro. Em adição, realizamos uma análise de discurso inspirada em Eni Orlandi da letra da música “Voz Ativa” para colocar em prática a argumentação da utilização da música como material teórico nos estudos em educação. Como resultado parcial da análise, notamos a produção de sentidos de denúncia e enfrentamento da ideologia dominante racista em vigor na sociedade brasileira.