Este artigo é parte de uma pesquisa de mestrado realizada entre 2020 e 2022 que trata sobre o ensino da dança na escola, focalizando a atuação do gênero masculino como eixo central dessa discussão. O objetivo geral do trabalho propôs realizar uma análise acerca das interpretações socioculturais da relação entre corpo, gênero e cultura no processo de constituição dos sujeitos dançarinos do gênero masculino a partir de discussões sobre o ensino da dança na escola. O referencial teórico discute o corpo e o seu percurso histórico-cultural, reafirmando a história e a cultura como fatores de moldagem social desde as civilizações mais remotas, e como este corpo vem se constituindo na cultura atual da sociedade capitalista. Paralelo a isso, buscou-se fazer um breve compêndio de como a dança se expressa no currículo nacional brasileiro a partir dos atuais documentos orientadores para as três etapas da educação básica. Delimitamos, como aporte metodológico para a realização deste estudo qualitativo a análise dos fenômenos que ocorrem/ocorreram no cenário escolar. Contamos com a participação de cinco sujeitos: duas professoras da educação básica e três homens dançarinos, que colaboraram com a pesquisa através de encontros coletivos realizados através da roda de conversa. A organização dos resultados da pesquisa apresenta evidências acerca da acentuação de gênero na dança no contexto escolar, levando em conta fatores como as etapas de ensino que mais/menos estão adeptas ao ensino da dança como conteúdo, ou mesmo a sistematização do processo educativo formal que desvincula o ensino das práticas mais lúdicas e com foco mais conteudista. Os resultados evidenciam, ainda, as danças mais/menos aceitas pelos alunos nos contextos da investigação, em que se privilegia a dança em pares e evidencia a acentuação às questões heteronormativas ligadas à dança no tocante a quem conduz e quem é conduzido na cena.