A nossa sociedade é extremamente marcada pela desigualdade racial e de gênero, inclusive no processo de escolarização e acesso aos bens culturais, o que configura o silenciamento histórico das mulheres negras, principalmente no espaço literário. Nesse cenário, é fácil perceber que, entre os textos consagrados pelo cânone literário, as autoras negras aparecem pouco, e, quando aparecem, são quase sempre caracterizadas pelos modos inferiorizantes como a sociedade as percebe (SOUZA; LIMA, 2006). Nesse sentido, este trabalho busca analisar, no projeto estético da escrita literária feminina e negra, no cenário da literatura brasileira, como se manifesta a denúncia e a resistência étnico-racial na poesia de três escritoras: Lubi Prates, Valéria Lourenço e Conceição Evaristo. Para tanto, este trabalho apresentará uma abordagem qualitativa, com método comparativo, a partir da perspectiva da literatura afro-brasileira. Dessa forma, partindo para a literatura comparada, busca-se identificar os traços comuns e regulares que atravessam todas elas, ressaltando o que é recorrente e que pode ser uma característica definidora da literatura afro-brasileira. No desenvolvimento da pesquisa, os instrumentos utilizados para a geração de dados serão bibliográficas, por ser realizado a partir do levantamento ou revisão de obras publicadas sobre as teorias que irão direcionar o trabalho. Ao explorar essas questões, este estudo pretende lançar luz sobre o potencial transformador da literatura produzida por mulheres negras, examinando como essas obras influenciam a discussão cultural e promovem a valorização das vozes historicamente marginalizadas. Logo, esse trabalho ampara-se nos estudos de Duarte (2005), Hartman (2021), Souza (2003), Munanga (2005), Carneiro (2011), Nascimento (2021) e Woolf (2019).